segunda-feira, 16 de novembro de 2015

[7ª Série] Resistência Organizada: quilombos

O termo “quilombo” vem das palavras “kilombo” da língua Quimbundo e “ochilombo” da língua Umbundo. Há ainda outras línguas africanas com palavras similares que designam a mesma coisa. Em alguns lugares do nosso país, os quilombos também recebiam o nome de “mocambos”.

Em seu significado original, “quilombo” se referia a um lugar de repouso utilizado por populações nômades. No Brasil, a palavra tomou uma novadimensão: chamava-se quilombo uma comunidade de escravos fugitivos. Nessas comunidades vivia-se de acordo com a cultura originalmente africana – seja em âmbito cultural, religioso ou social. Em alguns quilombos, inclusive, tentou-se até mesmo a nominação de reis tribais.

Dedicados à economia de subsistência e raramente ao comércio, alguns quilombos tiveram sucesso. Escondidos no meio das matas, aqueles que prosperaram se transformaram em aldeias. Há muitos registros de quilombos por todo o país, principalmente nos seguintes estados: Alagoas, Bahia, Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro e São Paulo.
quilombo


A principal razão pela qual os quilombos se situavam nas matas era estratégica. O local de difícil acesso era propositalmente escolhido para evitar uma recaptura e aqueles que se situavam próximos a estradas garantiam pequenos saques e, por conseqüência, a sobrevivência dos quilombolas. É importante lembrar que por diversas vezes os quilombos não abrigavam só escravos, mas também índios e pessoas procuradas pela justiça.

Os habitantes dos quilombos, chamados “quilombolas”, eram escravos fugidos de seus senhores desde as primeiras fases do período colonial. A maioria dos quilombolas sofria com a perseguição dos donos de terras, pois havia interesse em retomar um escravo fugitivo e puni-lo como exemplo para os demais.

Em 1630, devido a invasão holandesa em pernambuco, muitos senhores de engenho abandonaram suas terras. Isso foi uma grande oportunidade para que muitos escravos fugissem e procurassem um quilombo, tornando-se, assim, quilombolas. O quilombo que mais abrigou refugiados por causa dessa ocorrência foi o Quilombo de Palmares, em Alagoas.

Os principais quilombos foram Palmares, Campo Grande e Ambrósio, mas durante a história há registro de centenas de outras comunidades similares.
Principais quilombos:

[7ª série] Confederação do Cariri

Resistência Indígena: Confederação Cariri - A Guerra dos Bárbaros

Blog de historiabrasil :História Brasileira, Resistência Indígena: Confederação Cariri - A  Guerra dos Bárbaros
A Confederação Cariri foi a maior resistência indígena do nordeste brasileiro, conhecida também como Guerra dos Bárbaros. O líder indígena Canindé da nação Janduim, comandou a resistência por décadas, levando a Coroa portuguesa a assinar um tratado de paz no ano de 1692. 
Quando os holandeses foram expulsos do nordeste no ano de 1654, os colonos luso-brasileiros introduziram a pecuária na região. Os índios da nação Janduim controlava o território, que abrangia os atuais Estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí, dificultando a avanço da pecuária. O gado era morto sempre que entrava no território indígena, e os colonos sempre respondiam com violência.   
Os Janduim foram aliados dos holandeses enquanto eles permaneceram no nordeste. Ciente disso, o Governador Geral João Fernandes Vieira, ordenou entre os anos de 1655 e 1657, uma expedição armada para conter os índios revoltosos do Rio Grande. Na expedição foram capturados dois filhos do líder Canindé, que foram enviados para Portugal e nunca mais voltaram.
Os colonos luso-brasileiros não conseguiam penetrar no sertão nordestino. Estavam tendo dificuldades para expandir a pecuária na região. Então, no ano de 1662, Luísa Gusmão, regente de Portugal declarou guerra justa contra a nação Janduim.
Os indígenas nordestinos realizaram uma grande reunião com os principais caciques, essa reunião recebeu o nome de Confederação Cariri e as nações participantes foram:Xukuru, Paiacu, Icó, Icozinho, Bultuí, Ariú, Area, Pega, Caracá, Canindé, Corema, Caracará, Bruxará, Piancó e JanduimAs fazendas aumentaram no interior do Ceará e Rio Grande, as batalhas se intensificaram, ocorrendo baixas de ambos os lados. Os indígenas atacavam as fazendas destruindo tudo pela frente e matando o gado.
Em 1687, os moradores do Rio Grande acusaram os índios Janduim; liderados por Canindé, de ter matado cem colonos e 30.000 cabeças de gado. No ano seguinte, o Governador Geral Matias da Cunha, enviou mais tropas oficiais para a região. A ordem era exterminar os Janduim, degolando a todos pra servir de exemplo para os outros índios rebelados.
O exército de trezentos homens sob o comando de Antônio Albuquerque foram atacados por 3.000 índios Janduim. Os sobreviventes conseguiram refugio na fortaleza do Açu, evitando um massacre completo. O Governador Geral chamou o temível paulista Jorge Velho, para reforça as tropas e exterminar os Janduim e resolver o problema de uma vez. 
Os moradores eram contrário ao reforço de Jorge Velho, temiam mais o paulista do que os próprios indígenas. O motivo da discordia era pelo fato de que os paulistas ficariam com as terras conquistadas e escravizariam os índios sobreviventes.
Mesmo assim, Jorge Velho partiu para o ataque com seiscentos homens. Depois de quatro dias de sangrentas batanhas, os homens de Jorge Velho ficaram sem munições. Sem alternativa, refugiaram-se na fortaleza do Açu, unindo-se aos outros soldados e aguardaram reforços.
Os indígenas nordestinos estavam no controle da situação, nem mesmo o temível paulista Jorge Velho foi capaz de acabar com a resistência. Em 1690, Matias Cardoso assumiu o controle da operação e Jorge Velho foi enviado para Palmares para destruir o quilombo.
Uma expedição foi organizada sob o comando de Antônio de Albuquerque e atacaram osJanduim. O líder Canindé comandava 14.000 Janduim espalhados em vinte e duas tribos. Assim mesmo, após forte ataque dos colonos, o Canindé foi capturado e enviado para a prisão. 
No ano de 1691, a Coroa portuguesa proibiu a guerra justa. O líder Canindé foi beneficiado e foi posto em liberdade. Meses depois, enviou mensageiros propondo a paz. Cansado de tanto sofrimento e tentando proteger os Janduim do exterminio, Canindé desistiu de lutar contra os portugueses.
O governador Câmara Coutinho aceitou o acordo, e no dia 10/04/1692, na presença de dois caciques, setenta lideranças indígenas e outras autoridades portuguesas assinaram o tratado de paz. No acordo ficou definido que os Janduim forneceriam 5.000 homens para guerriar em nome de Portugal e todos foram catequizados.
Em 1694, o governador Bernardo Vieira, declarou guerra justa e ordenou a formação de uma expedição de exterminio dos índios do Rio Grande. Os Janduim, agora aliados de Portugal, participaram das batalhas e ajudaram a exterminar seus parentes e antigos aliados.
No ano de 1699, o líder Canindé morreu de malária em uma aldeia jesuíta. A campanha de exterminio continuou com auxilio dos Janduim até 1712, quando a Coroa portuguesa quebrou o tratado de paz de 1692 e declarou guerra justa contra os Janduim.
A Coroa portuguesa no ano de 1720, considerou de forma oficial o fim da ConfederaçãoCariri e o nordeste livre de índios revoltosos. Os indígenas nordestinos ganharam diversas batalhas, mais no final o vencedor foi o colonizador, que enfim, pode expandir a pecuária na região nordeste.
Os portugueses não honraram o tratado de paz de 1692, e após dez anos da morte do líder Canindé, declararam guerra contra os Janduim. A nação Janduim lutou bravamente durante trinta anos contra os portugueses, depois lutou por mais de uma década do lado dos portugueses exterminando índios rebelados.
Fracos e sem liderança, foram exterminados do nordeste. Os atuais Estados do Rio Grande do Norte e Piauí são os únicos que não possuem aldeias indígenas. Seus descendentes formaram uma população mestiça, tornando-se os vaqueiros do sertão nordestino, ajudando a expandir a pecuária na região.



[7ª série] Resistência Difusa: sincretismo religioso

Sincretismo religioso
"O Sincretismo é colocado como algo recente, na verdade já era usado desde a antiguidade. Entretanto o sincretismo também foi usado como um instrumento de auto-defesa que permite a proteção de uma determinada cultura religiosa. No Brasil colônia o sincretismo obteve uma conotação, pelo menos no primeiro momento, como auto-defesa. Os Índios e os escravos eram obrigados pelos padres jesuítas a aceitar á imposição da religião Católica, pois, a missão jesuíta era retirar o espírito impuro dos considerados não civilizados. Foi neste instante que o sincretismo teve papel forte, sendo que os escravos africanos como forma de resistência, admiravam imagens de santos católicos mas, na verdade eles estavam com o olhar e o pensamento voltado para os seus deuses e os seus rituais africanos. Aqueles que não o fizessem sofriam todo castigo como, o açoite entre outros, tudo isso era feito para que os escravos deixassem de praticar os rituais e cultos da sua cultura. Daí que o sincretismo religioso surgiu. É devido a este choque, ou seja, o conflito de culto e o catolicismo foi a resultante das religiões afro-descendentes que no início do século XV, período da colonização brasileira, mais de quatro milhões de negros africanos cruzaram o Atlântico para tornarem-se escravos na colônia portuguesa. Oriundos de diferentes regiões da África, entravam no país, através de navios negreiros, principalmente pelos portos do Rio de Janeiro, de Salvador, do Recife e de São Luís do Maranhão, trazendo na bagagem a cultura africana. Para evitar que houvesse rebeliões, os senhores brancos agrupavam os escravos em senzalas, sempre evitando juntar os originários de mesma nação. Por esse motivo, houve uma mistura de povos e costumes, que foram concentrados de forma diferente nos diversos estados do país. Os escravos possuíam suas próprias danças, cantos, santos e festas religiosas. Aos poucos, eles foram misturando os ritos católicos presentes com os elementos dos cultos africanos, na tentativa de resgatar a atmosfera mística da pátria distante. O contato direto com a natureza fazia com que atribuíssem todos os tipos de poder a ela e que ligassem seus deuses aos elementos nela presentes. Diversas divindades africanas foram tomando força na terra dos brasileiros. O fetiche marca registrada de muitos cultos praticados na época, associado à luta dos negros pela libertação e sobrevivência, à formação dos quilombos e à toda a realidade da época acabaram impulsionando a formação de religiões muito praticadas atualmente, como a Umbanda e o Candomblé".



[7ª série] Sobre a resistência difusa

Boa noite cambada!

O trecho abaixo faz uma discussão sobre a resistência difusa. O debate é acadêmico. Logo, para compreendê-lo basta ter em mente que o autor está fazendo uma análise sobre formas de resistências que, apesar de não serem organizadas, tiveram forte impacto na sociedade. Caso tenham dúvidas, basta fazer um comentário no post

Abraços

"Existem também formas de resistência individual e difusa à exploração e à opressão pré-capitalista. O escravo rural ou o camponês servil pode resistir individualmente à ação do proprietário escravista ou feudal. Trabalho malfeito, agressão e assassinato dos senhores de escravo ou de seus familiares e prepostos, fuga da fazenda escravista ou do feudo e tantas outras formas de expressão do inconformismo individual dos produtores diretos são constantes nos períodos de estabilidade política das sociedades pré-capitalistas. Essa resistência individual e difusa, dependendo da situação histórica e da amplitude que assuma, pode gerar transformações reais e importantes na organização da economia e da sociedade, convertendo-se, assim, em fato histórico. E. Staerman destaca o que denomina “formas latentes” da resistência escrava. Sustenta que a fuga de escravos foi um fenômeno amplo e permanente na Roma antiga. Acrescenta que os escravos não se contentavam em fugir, mas também matavam seus senhores e destruíam os seus bens. Charles Parain considera que a resistência difusa dos escravos foi um dos fatores responsáveis pela mais importante transformação ocorrida nas relações de produção no mundo antigo – a substituição gradativa do trabalho escravo pelo regime de colonato. Para o caso do feudalismo, Maurice Dobb relata que a fuga de camponeses servos para as cidades adquiria, muitas vezes, proporções catastróficas para a economia dos feudos, tanto na Inglaterra quanto nos demais países europeus. Apresenta relatos para mostrar que, na França, nos feudos em que os senhores se demonstravam inflexíveis, sua terra era abandonada, algumas vezes com o “êxodo de toda a aldeia”. Cita o exemplo da Ile de Ré, no século XII, cujos habitantes “desertaram em massa devido à severidade de seu senhor, que foi obrigado a fazer concessões para poder ficar com alguns trabalhadores”. Nos séculos XII e XIII, os senhores passaram a firmar acordos de cooperação para a busca de servos foragidos [...]. Portanto, mesmo sem movimento reivindicativo organizado, escravos rurais e camponeses podiam obter, graças à resistência difusa, reformas na economia escravista antiga e na economia feudal. Para o escravismo moderno, Antônio Barros de Castro argumentou, de modo convincente, que as ações de rebeldia individual e a pressão difusa dos escravos rurais, somadas à ação preventiva dos fazendeiros escravistas contra rebeliões, são responsáveis – talvez as principais responsáveis – pelo desenvolvimento da brecha camponesa. O autor contesta a explicação meramente econômica do “sistema do Brasil”, explicação que atribui à concessão de um lote de terra para o cultivo próprio do escravo exclusivamente aos interesses do senhor em baratear a reprodução da mão-de-obra. Portanto, tal qual nos casos do escravismo antigo e do feudalismo, a inexistência de organização permanente dos produtores diretos e de negociação sobre as condições de trabalho não significam que a contradição entre produtores e proprietários deixe de incidir sobre as formas e os rumos que assumem as sociedades pré- capitalistas".

domingo, 8 de novembro de 2015