REVOLUÇÕES INGLESAS (Puritana e Gloriosa)
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s revoluções burguesas foram um momento significativo
na história do capitalismo, na medida em que contribuíram para a superação dos
resquícios feudais e, portanto, para tornar possível à consolidação do modo de
produção capitalista. Tais revoluções ocorreram em vários países
europeus, no entanto elas começaram na Inglaterra do século XVII.
REVOLUÇÃO
PURITANA (1640-1648):
Ø Mesmo que a figura do rei fosse vista como uma
representação da vontade de Deus (teoria
do direito divino), o Estado absolutista inglês era bastante frágil;
Ø As tentativas dos reis Jaime I e Carlos I em
aumentarem os impostos e terem um exército à sua disposição, eram vistas com
desconfiança pelo parlamento;
Ø A Reforma religiosa na Inglaterra determinou a perda
das terras da Igreja, que foram tomadas pelo Estado e vendidas para a nova
nobreza (gentry) que estavam
preocupadas com o cercamento das terras para a criação de ovelhas, cuja lã
atendia às manufaturas. Assim, passou a haver uma estreita associação de
interesses entre a burguesia mercantil e a gentry;
O Parlamento inglês supostamente representava o conjunto da população,
embora fossem eleitos apenas pelas pessoas de posses. O parlamento era formado
por duas câmaras:
Ø Câmara dos
Lordes: era ocupada pelos Lordes Espirituais, isto é, pela cúpula
do clero anglicano, e pelos Lordes
Temporais, isto é, pela alta nobreza, que possuíam títulos (duques,
barões, condes e outros) e pertenciam às grandes famílias aristocráticas e
herdavam seus lugares na assembléia, juntamente com enormes extensões de
terras. Constituíam o grupo mais rico e poderoso da Inglaterra, uma vez que tinham
nas mãos boa parte das propriedades rurais e, com elas, uma parcela essencial
do poder: o monopólio da administração, funções de polícia e de justiça.
Ø Câmara dos
Comuns: era composta de burgueses
e pela gentry, ou seja, à pequena
nobreza rural. Os gentry
(fidalgos, cavalheiros ou gentis-homens) caracterizavam-se pela vida gentil,
isenta do trabalho manual e de suas penas.
As diferenças de classe, de origem social,
expressavam-se nas diferenças políticas e reforçadas nas diferenças religiosas:
os lordes praticavam a religião anglicana;
os partidários dos comuns eram em geral presbiterianos
e puritanos.
A Revolução Puritana tem início no
governo de Carlos I (1625-1640), devido às tentativas desse rei em aumentar os
impostos. Paralelamente, a monarquia procurava restringir os cercamentos, afastar a gentry da Corte, além de reforçar os
privilégios da alta nobreza.
O conflito de interesses entre estas classes sociais
levou a formação de dois grandes grupos, opondo os lordes (apoiados pelo rei)
contra os comuns. Estes conflitos logo saíram do campo político para o campo
militar, instaurando uma verdadeira guerra civil na Inglaterra. Seu resultado
foi:
Ø a vitória dos comuns;
Ø decapitação do rei Carlos I;
Ø instauração de uma república ditatorial liderada por Oliver
Cromwell (membro da gentry) .
O
governo de Cromwell reprimiu com violência os opositores do exército: os levellers (niveladores) e os diggers (cavadores); decretou os Atos de
Navegação (produtos importados pela Inglaterra só podiam ser transportados por
navios britânicos ou pertencentes aos países produtores); consolidou o poder da
marinha inglesa, permitindo que, mais tarde, à Inglaterra dominasse os mercados
mundiais.
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REVOLUÇÃO GLORIOSA (1688-1689)
Após a morte de Cromwell, seu filho Ricardo foi
deposto pelo exército, num golpe tramado pelo parlamento. Optou-se pela restauração
da dinastia Stuart, mas quando Jaime II tenta restaurar o absolutismo e o
catolicismo a situação chega ao limite.
Esta “revolução” nada mais foi do que um golpe do parlamento
contra Jaime II. Colocando no poder Guilherme de Orange, genro de Jaime II. No
fim das contas, a gentry e a burguesia
assumiram poder, uma vez que pela “Bill
of Rights” (Declaração de Direitos), de 1689, fica definitivamente limitado
o poder monárquico na Inglaterra, caminhando-se, portanto, para a instalação do
parlamentarismo.
O fortalecimento do parlamento representou uma nova
direção da máquina do Estado para os assuntos próprios da burguesia e da gentry, intensificando o cercamento das
terras comunais e, conseqüentemente, contribuindo para a formação de uma classe
de trabalhadores sem posses (proletariado), além de adotar várias políticas de
favorecimento do comércio e da produção de manufaturas. Estas mudanças
contribuíram para que, mais tarde, a Inglaterra fosse a grande pioneira da revolução industrial.
REFERÊNCIAS:
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