segunda-feira, 23 de março de 2015

[8ª Série] APOSTILA: Revoluções Inglesas

REVOLUÇÕES INGLESAS (Puritana e Gloriosa)


A
s revoluções burguesas foram um momento significativo na história do capitalismo, na medida em que contribuíram para a superação dos resquícios feudais e, portanto, para tornar possível à consolidação do modo de produção capitalista. Tais revoluções ocorreram em vários  países europeus, no entanto elas começaram na Inglaterra do século XVII.

REVOLUÇÃO PURITANA (1640-1648):

Ø  Mesmo que a figura do rei fosse vista como uma representação da vontade de Deus (teoria do direito divino), o Estado absolutista inglês era bastante frágil;

Ø  As tentativas dos reis Jaime I e Carlos I em aumentarem os impostos e terem um exército à sua disposição, eram vistas com desconfiança pelo parlamento;

Ø  A Reforma religiosa na Inglaterra determinou a perda das terras da Igreja, que foram tomadas pelo Estado e vendidas para a nova nobreza (gentry) que estavam preocupadas com o cercamento das terras para a criação de ovelhas, cuja lã atendia às manufaturas. Assim, passou a haver uma estreita associação de interesses entre a burguesia mercantil e a gentry;

O Parlamento inglês supostamente representava o conjunto da população, embora fossem eleitos apenas pelas pessoas de posses. O parlamento era formado por duas câmaras:

Ø  Câmara dos Lordes: era ocupada pelos Lordes Espirituais, isto é, pela cúpula do clero anglicano, e pelos Lordes Temporais, isto é, pela alta nobreza, que possuíam títulos (duques, barões, condes e outros) e pertenciam às grandes famílias aristocráticas e herdavam seus lugares na assembléia, juntamente com enormes extensões de terras. Constituíam o grupo mais rico e poderoso da Inglaterra, uma vez que tinham nas mãos boa parte das propriedades rurais e, com elas, uma parcela essencial do poder: o monopólio da administração, funções de polícia e de justiça.

Ø  Câmara dos Comuns: era composta de burgueses e pela gentry, ou seja, à pequena nobreza rural. Os gentry (fidalgos, cavalheiros ou gentis-homens) caracterizavam-se pela vida gentil, isenta do trabalho manual e de suas penas.

As diferenças de classe, de origem social, expressavam-se nas diferenças políticas e reforçadas nas diferenças religiosas: os lordes praticavam a religião anglicana; os partidários dos comuns eram em geral presbiterianos e puritanos.
A Revolução Puritana tem início no governo de Carlos I (1625-1640), devido às tentativas desse rei em aumentar os impostos. Paralelamente, a monarquia procurava restringir os cercamentos, afastar a gentry da Corte, além de reforçar os privilégios da alta nobreza.

O conflito de interesses entre estas classes sociais levou a formação de dois grandes grupos, opondo os lordes (apoiados pelo rei) contra os comuns. Estes conflitos logo saíram do campo político para o campo militar, instaurando uma verdadeira guerra civil na Inglaterra. Seu resultado foi:

Ø  a vitória dos comuns;
Ø  decapitação do rei Carlos I;
Ø  instauração de uma república ditatorial liderada por Oliver Cromwell (membro da gentry) .

O governo de Cromwell reprimiu com violência os opositores do exército: os levellers (niveladores) e os diggers (cavadores); decretou os Atos de Navegação (produtos importados pela Inglaterra só podiam ser transportados por navios britânicos ou pertencentes aos países produtores); consolidou o poder da marinha inglesa, permitindo que, mais tarde, à Inglaterra dominasse os mercados mundiais. 
 

 REVOLUÇÃO GLORIOSA (1688-1689)

Após a morte de Cromwell, seu filho Ricardo foi deposto pelo exército, num golpe tramado pelo parlamento. Optou-se pela restauração da dinastia Stuart, mas quando Jaime II tenta restaurar o absolutismo e o catolicismo a situação chega ao limite.

Esta “revolução” nada mais foi do que um golpe do parlamento contra Jaime II. Colocando no poder Guilherme de Orange, genro de Jaime II. No fim das contas, a gentry e a burguesia assumiram poder, uma vez que pela “Bill of Rights” (Declaração de Direitos), de 1689, fica definitivamente limitado o poder monárquico na Inglaterra, caminhando-se, portanto, para a instalação do parlamentarismo.

O fortalecimento do parlamento representou uma nova direção da máquina do Estado para os assuntos próprios da burguesia e da gentry, intensificando o cercamento das terras comunais e, conseqüentemente, contribuindo para a formação de uma classe de trabalhadores sem posses (proletariado), além de adotar várias políticas de favorecimento do comércio e da produção de manufaturas. Estas mudanças contribuíram para que, mais tarde, a Inglaterra fosse a grande pioneira da revolução industrial.

REFERÊNCIAS:


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