quarta-feira, 27 de abril de 2016

As lutas de libertação nacional da América Latina

“ A conquista da Independência dos EUA foi apenas o início de um processo que se espalhou por todo o continente americano. O exemplo dos EUA serviu de inspiração e foi seguido pelas colônias da América Central e do Sul, que lutaram contra o domínio espanhol e formaram, durante o século XIX, os principais países latino-americanos”. 

A emancipação de algumas nações ocorreu nas primeiras décadas do século XIX, devido aos acontecimentos no final do século XVIII na Europa (Revolução Francesa e Revolução Industrial) e na América do Norte (Independência dos EUA) e a difusão das idéias iluministas, contribuíram decisivamente para que ocorressem as lutas pela libertação das colônias espanholas e portuguesas na América.

O Antigo Sistema Colonial (Pacto Colonial) estabelecia relações exclusivas entre colônias e metrópoles (comerciais e econômicas). As colônias não tinham a liberdade de fazer comércio com outras nações e estavam impedidas de desenvolver suas próprias manufaturas.

Esse sistema colonial era um sistema de exploração econômica que só favorecia a metrópole.









O Processo de Independência na América Espanhola

O fim da exploração colonial na América Latina só foi possível depois de um longo período de lutas, lideradas pela elite colonial, contra a Espanha. Onde um grupo social privilegiado (a elite econômica) conduziu a luta contra a dominação estrangeira.

Os Criollos (como eram chamados os descendentes de espanhóis nascidos na América) formavam uma poderosa classe de mineradores e de grandes proprietários rurais.

Mas se eles pertenciam a uma classe privilegiada, então por que razão eles lutaram para romper com a metrópole? É que os privilégios dessa elite estavam restritos á economia, já que essa camada social era excluída da participação política.

Os criollos não possuíam o direito de ocupar cargos na administração colonial. Eles não participavam das decisões mais importantes relativas á colônia, pois não podiam pertencer ao Estado, á igreja e ao exército.


Esses cargos políticos eram reservados exclusivamente aos espanhóis [chapetones]. Por esse motivo, os criollos eram obrigados a aceitar todas as determinações impostas pela metrópole. Então influenciados pelos ideais de liberdade e de igualdade do Iluminismo, lutaram contra a dominação espanhola.

Havia uma certa liberdade nas colônias espanholas que permitiu a fundação de universidades e favoreceu o desenvolvimento científico em algumas regiões da América Latina. As universidades do México e do Peru são exemplos de que foi desenvolvida uma intensa atividade intelectual nessas colônias.




Além dos criollos, o ideal de liberdade também influenciou e inspirou as classes populares na luta pela independência. Movidos pelo mesmo princípio – liberdade – diferentes grupos sociais questionaram o domínio espanhol.


  • Para a elite criolla, conquistar a liberdade significava romper os laços políticos e econômicos que vinculavam colônia e metrópole. Sendo assim, seria possível construir uma nova nação, livre para produzir e comercializar com outros países. Entretanto, para os grupos oprimidos pelo sistema colonial (povos indígenas, camponeses e escravos), a liberdade possuía outro sentido. 
  • Para os indígenas e camponeses explorados, o ideal de liberdade estava ligado á posse da terra, isto é, adquirir um lote de terra para garantir a sobrevivência. 
  • Para os escravos a liberdade significava o fim do trabalho forçado. Para este grupo social, a luta pela liberdade, a luta pela independência nada mais era do que lutar pela causa abolicionista.


Embora contasse com o apoio da população indígena, oprimida pelos espanhóis, e dos escravos, que desejavam a abolição, a elite criolla tomou o controle de todo o processo de independência e acabou a concretização das aspirações populares, como o fim da escravidão, por exemplo.


Um dos mais importantes e atuantes líderes no contexto de luta pela independência da América Latina foi Simon Bolívar. Foi chamado por muitos povos latino-americanos de “o Libertador”, ele participou ativamente dos movimentos de luta contra a Espanha. Mas quais eram os interesses desses líderes que lutaram contra a Espanha? Desejavam conquistar o poder político em suas regiões.





Os ingleses apoiaram a luta das colônias espanholas pela independência. Mas qual eram os seus verdadeiros interesses?

Para eles, interessava que as colônias espanholas conquistassem sua independência para que houvesse liberdade de mercado na região. Sendo assim, os ingleses garantiriam um amplo mercado consumidor na América Latina.

O Contexto Internacional

O processo de independência das colônias espanholas se insere dentro de um momento histórico bastante favorável. O exemplo da Independência dos EUA, a Revolução Francesa, consolidando os ideais de liberdade e a Revolução Industrial, modernizando a economia, são fatores que motivaram a luta pela independência da América Latina. E também a política expansionista de Napoleão Bonaparte na Europa. Ele após se tornar imperador em 1804, iniciou uma política de expansão cuja intenção era anexar alguns países vizinhos e expandir os ideais da Revolução Francesa. É o período das Guerras Napoleônicas, durante o qual o exército francês acabou invadindo países como a Espanha, por exemplo.

Esta invasão gerou conseqüências que tiveram influência decisiva no processo de independência da América Latina. Napoleão derrubou o rei espanhol Fernando VII do poder em favor de José Bonaparte, que passou a governar a Espanha a partir de 1808. Aproveitando-se da crise que a Espanha vivia, os criollos começaram a articular o movimento de independência nas colônias, que foi se fortalecendo ao longo das duas primeiras décadas do século XIX.

Fonte (texto): http://historiavivi.blogspot.com.br/2010/04/independencia-na-america-latina-o-fim.html 


Independência do Brasil

Em termos gerais, as lutas de libertação nacional no Brasil foram muito semelhantes com aquelas ocorridas na América espanhola. Tiveram vários exemplos de lutas independências na colônia portuguesa, cujos exemplos mais conhecidos são as conjurações mineira (1789) e baiana (1798). Porém, diferente do que ocorreu com as colônias da Espanha, estas lutas diminuíram após a expansão do Império Napoleônico na Europa. Pois, com a invasão de Portugal por Bonaparte, a família real fugiu para sua colônia na América em 1808, e a elevou  para a categoria de sede do Império português. Consequentemente, o Brasil deixou de ser uma colônia na prática, pois o pacto colonial foi extinto (as elites agora poderiam comercializar livremente) e o país deixou de estar submetido à uma corte no estrangeiro. 



O fim do pacto colonial e a liberdade política deixaram as elites satisfeitas e, conseqüentemente, deixaram de apoiar as lutas contra o domínio português. Entretanto, quando a família real retorna para Portugal quase quinze anos depois, o medo de que o monopólio português fosse restabelecido fez com que as elites voltassem a se rebelar. Através da liderança de D. Pedro I, estas elites romperam suas relações políticas com a corte portuguesa, e garantiu as liberdades política e econômica adquiridas em 1808.

Tanto no caso espanhol quanto no português, as lutas de libertação contaram com a participação de várias classes sociais, porém foram dominadas por uma elite colonial que desejava liberdade comercial (fim do monopólio) e política (fim da submissão ao governo metropolitano).

Para saber mais sobre o processo de independência do Brasil clique aqui.


A influência iluminista nas Américas

     1) Iluminismo nas Américas serviu para reforçar valores burgueses
2) Apesar de buscar direitos iguais com a Independência, estados americanos excluíram escravos, índios e mulheres
• Depois da Revolução Francesa, o mundo nunca mais foi o mesmo. Só que ela não transformou apenas as estruturas políticas existentes na França, mas influenciou profundamente o pensamento social, político e cultural de toda a Europa ao questionar os valores feudais presentes no Antigo Regime.
[As elites coloniais Americanas, assim como os iluministas, tinham todos os motivos para questionar o Antigo Regime, tanto pela falta de liberdade comercial das colonias diante das políticas mercantilistas, quanto pela falta de liberdade política típica do autoritarismo absolutista. A crítica ao mercantilismo foi sustentada sobretudo pelo liberalismo econômico. O autoritarismo das metrópoles foi criticado, por exemplo, através das ideias de Montesquieu, e muitás ex-colônias adotaram sua tri-partição do poder (executivo, legislativo e judiciário). A teoria do direito natural foi usada para criticar os privilégios políticos dados aos europeus, enquanto os colonos não possuíam os direitos políticos que desejavam]
• Os ideais do Iluminismo, fundamentais para que a Revolução ocorresse, propagavam o pensamento crítico, colocavam a razão e a coerência como as bases para a mudança de estrutura e defendiam os direitos naturais dos homens. No entanto, o Iluminismo chegou às Américas de forma reconfigurada. É claro que a busca pela liberdade, igualdade e fraternidade esteve presente no continente, mas não se deve pensar que os ideais iluministas americanos foram apenas uma cópia do pensamento estrangeiro.
• No contexto social, os iluministas consideravam que todas as pessoas eram iguais. As diferenças, contudo, provinham dos talentos e capacidades de cada indivíduo. Esse ideário se tornaria fundamental para que as lutas por autonomia ocorressem nas Américas e colocassem em xeque as condições coloniais que predominava sobre o continente.
• Para que a Revolução ocorresse de fato, na França, é importante entender que os europeus acataram os lemas iluministas através de uma ação burguesa que rompia com as características do regime feudal. Eles desejavam um mercado de livre concorrência e um Estado que colocasse toda a população sob as mesmas leis. Todavia, a tão sonhada igualdade não estaria totalmente presente nos novos governos, que decretaram medidas para bloquear a participação das camadas populares.
[...]
• A estrutura colonial ganha reforços no continente, pois há a elaboração de políticas econômicas que valorizavam a economia agroexportadora. Quanto aos centros urbanos, esses seriam responsáveis por fornecer os produtos industrializados. Vemos, nesse caso, que o Iluminismo nas Américas contribui para sustentar os projetos de ordem burguesa. No outro extremo, os camponeses e trabalhadores precisavam de melhores condições de trabalho e os ex-escravos sofriam com a exclusão social.
[...]
• Além de todos esses agravantes, as mulheres norte-americanas também não possuíam os direitos civis iguais aos homens. Naquele período, predominava-se a consideração de que a mulher era um “ser frágil”. Como consequência, deveria estar subordinada ao poder masculino.
• Em resumo, é possível dizer que o iluminismo nas Américas garantiu cidadania apenas aos homens brancos e adultos que integrassem a burguesia comercial ou industrial. Ou então que fossem grandes donos de escravos e fazendas.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Glauber,o fim do pacto colonial significava que as colônias eram agora independentes (política e economicamente) ?

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    1. É por aí mesmo...

      Eu diria que o fim do pacto colonial está mais ligado a uma independência econômica. Porém, se o pacto acabou, supostamente a colônia teve que romper sua dominação política com a metrópole. Em outras palavras, a libertação política e econômica são duas faces da mesma moeda, afinal, política e economia estão intimamente ligadas.

      Abraços

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