Boa tarde cambada!
Para ajudar no teste de vocês, estou postando hoje este texto abaixo e o link do SLIDE que passei em sala de aula.
Abraços
Abraços
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O DOMÍNIO HOLANDÊS
As invasões holandesas que ocorreram no século XVII podem ser consideradas como o maior conflito político-militar-colonial. Apesar de concentrado no Nordeste, a rebelião fez parte do quadro das relações internacionais entre os países europeus, no tocante ao domínio do comércio do açúcar.
O conflito significou uma possibilidade de ação independente da colônia, embora ainda não pudesse separá-la totalmente da identidade metropolitana.
A história das invasões liga-se à passagem do trono português à Coroa Espanhola como resultado de uma crise sucessória que pôs fim à Dinastia de Avis.
Com a morte de D. João III, em 1557, subiu ao trono português seu neto, D. Sebastião. Impregnado de heroísmo e fanatismo, influenciado pelo espírito cruzadista, o Rei parte para a África com a finalidade de conquistar Marrocos. Na batalha de Alcácer Quibir, em 1578, o Rei Português foi derrotado pelas forças árabes, tendo morrido em combate.
Como seu sucessor, assume o Cargo o cardeal D. Henrique, tio-avô de D. Sebastião, que morre poucos anos após. O Cardeal, não deixando descendentes, cria uma grave crise sucessória em Portugal. Vários candidatos se apresentaram para o cargo, dentre eles D. Antônio, fidalgo português, e D. Felipe II, de Habsburgo, Rei da Espanha, neto de D. João III.
Uma guerra foi travada entre os dois pretendentes, até que, com a vitória de D. Felipe II, inicia-se o governo espanhol em Portugal, conhecido como União Ibérica. Somente em 1640, Portugal reconquistou sua independência.
Na medida em que havia um conflito aberto entre Espanha e os Países Baixos que foram províncias espanholas até 1581, o relacionamento entre a Holanda e Portugal se modificaram em razão do novo centro de poder espanhol . A Holanda participava do comércio do açúcar brasileiro. A participação dos flamengos no comércio açucareiro se deu no momento da instalação dos engenhos, no século XVI. Os altos custos operacionais necessários dependiam da obtenção de créditos. Pelo menos grande parte desses créditos provinha de capitais externos, como da burguesia holandesa e italiana.
De acordo com o especialista em história econômica, Celso Furtado, o papel desempenhado pelos holandeses no comércio do açúcar era de suma importância:
[...] se tivermos em conta que os holandeses controlavam o transporte (inclusive parte do transporte entre Brasil e Portugal), a refinação e a comercialização do produto, depreende-se que o negócio do açúcar era, na realidade, mais deles do que dos portugueses. Somente os lucros da refinação e a comercialização do produto alcançaram aproximadamente a terça parte do valor do açúcar em bruto. FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. p. 1 S.
Apesar da vigência do pacto colonial, política que restringia o comércio colonial a sua respectiva metrópole, o comércio da Colônia brasileira com comerciantes holandeses foi permitido pela própria Coroa Portuguesa, uma vez que não possuía recursos próprios para administrar a economia colonial. Tornando-se monarca de Portugal, Filipe II proibiu que os holandeses continuassem a participar do comércio açucareiro do nordeste do Brasil. Os holandeses resolveram então ocupar essas regiões produtoras de açúcar, primeiro a Bahia (l624) e depois Pernambuco (l630).
Com a expansão holandesa no Nordeste, a Companhia das Índias Ocidentais resolveu assegurar suas próprias conquistas no Brasil por meio da presença de um alto mandatário que governasse e desenvolvesse a Colônia, expandindo-a, se possível. O escolhido foi o conde João Maurício de Nassau, que foi o responsável por uma série de medidas importantes implementadas na Colônia nos campos da política e administração, tais como:
· Vendeu a crédito os engenhos abandonados pelos donos, que fugiram para bahia no momento da invasão.
· Obrigou os proprietários rurais a plantarem produtos alimentícios na proporção do número de escravos que possuíssem, o “pão do país”, principalmente a mandioca.
· Estabeleceu a política religiosa tolerante, dando liberdade de crenças, apesar de existir controvérsias no que diz respeito aos israelitas. Entretanto, os “cristãos novos”, ou também chamados de criptojudeus, foram autorizados a praticarem seus cultos abertamente.
· Favoreceu a vinda de artistas naturalistas e letrados para Pernambuco, entre eles Frans Post, autor das primeiras pinturas que retratavam paisagens e cenas brasileiras.
· Inúmeros melhoramentos realizados em Recife, responsável inclusive pela sua elevação à condições de vida.
· Incentivou o tráfico negreiro, acreditando ser o escravo africano a mola mestra para o pleno desenvolvimento dos canaviais. Mais tarde, a Holanda considerou a lucratividade desse comércio tão importante que passou a disputar com Portugal e Inglaterra o comércio internacional.
No momento da expulsão dos holandeses do Brasil, fato ocorrido após a Restauração Portuguesa, os invasores puderam contar com a ajuda das "gentes da terra". Vários senhores de engenho, lavradores, cristãos novos, negros, índios tapuias, entre outros pobres e miseráveis estiveram fielmente do lado dos holandeses. Calabar ficou conhecido como o grande traidor nesta guerra.
[... ] Entretanto, na verdade "traição era uma atitude cotidiana, aliás, implícita na própria colocação do problema: defender Portugal ou defender a Holanda significava uma traição ao Brasil. Trocar de lado era um hábito constante. De toda a confusão, restou um bode expiatório: Calabar. BUARQUE, Chico e GUERRA, Ruy. Calabar.
A forma como se deu a presença espanhola no Brasil e, posteriormente, a expulsão dos holandeses, trouxeram mudanças significativas na política econômica colonial. Primeiro, podemos observar que a partir da retirada dos flamengos do nordeste brasileiro, houve um incentivo ao nativismo pernambucano, que culminou com a Revolução Praieira (l848), passando pela Insurreição Pernambucana, em 1817. Ambos os movimentos marcados por repúdios à Coroa e manifestações de independência.
Outro aspecto importante é o desenvolvimento da prática do plantio do açúcar nas Antilhas pelos holandeses, o que levou Portugal a uma crise comercial, na segunda metade do século XVII. Outro ponto a ser considerado é que durante a União Ibérica houve uma anulação do Tratado de Tordesilhas, uma vez que as terras lusas e espanholas eram administradas pelo mesmo monarca.
Isso fez com que os brasileiros se apoderassem de novos territórios, anteriormente pertencentes à Espanha, e que, após a Restauração, essas terras foram transferidas para a soberania portuguesa, pelo direito do uso da terra.
As invasões holandesas que ocorreram no século XVII podem ser consideradas como o maior conflito político-militar-colonial. Apesar de concentrado no Nordeste, a rebelião fez parte do quadro das relações internacionais entre os países europeus, no tocante ao domínio do comércio do açúcar.
O conflito significou uma possibilidade de ação independente da colônia, embora ainda não pudesse separá-la totalmente da identidade metropolitana.
A história das invasões liga-se à passagem do trono português à Coroa Espanhola como resultado de uma crise sucessória que pôs fim à Dinastia de Avis.
Com a morte de D. João III, em 1557, subiu ao trono português seu neto, D. Sebastião. Impregnado de heroísmo e fanatismo, influenciado pelo espírito cruzadista, o Rei parte para a África com a finalidade de conquistar Marrocos. Na batalha de Alcácer Quibir, em 1578, o Rei Português foi derrotado pelas forças árabes, tendo morrido em combate.
Como seu sucessor, assume o Cargo o cardeal D. Henrique, tio-avô de D. Sebastião, que morre poucos anos após. O Cardeal, não deixando descendentes, cria uma grave crise sucessória em Portugal. Vários candidatos se apresentaram para o cargo, dentre eles D. Antônio, fidalgo português, e D. Felipe II, de Habsburgo, Rei da Espanha, neto de D. João III.
Uma guerra foi travada entre os dois pretendentes, até que, com a vitória de D. Felipe II, inicia-se o governo espanhol em Portugal, conhecido como União Ibérica. Somente em 1640, Portugal reconquistou sua independência.
Na medida em que havia um conflito aberto entre Espanha e os Países Baixos que foram províncias espanholas até 1581, o relacionamento entre a Holanda e Portugal se modificaram em razão do novo centro de poder espanhol . A Holanda participava do comércio do açúcar brasileiro. A participação dos flamengos no comércio açucareiro se deu no momento da instalação dos engenhos, no século XVI. Os altos custos operacionais necessários dependiam da obtenção de créditos. Pelo menos grande parte desses créditos provinha de capitais externos, como da burguesia holandesa e italiana.
De acordo com o especialista em história econômica, Celso Furtado, o papel desempenhado pelos holandeses no comércio do açúcar era de suma importância:
[...] se tivermos em conta que os holandeses controlavam o transporte (inclusive parte do transporte entre Brasil e Portugal), a refinação e a comercialização do produto, depreende-se que o negócio do açúcar era, na realidade, mais deles do que dos portugueses. Somente os lucros da refinação e a comercialização do produto alcançaram aproximadamente a terça parte do valor do açúcar em bruto. FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. p. 1 S.
Apesar da vigência do pacto colonial, política que restringia o comércio colonial a sua respectiva metrópole, o comércio da Colônia brasileira com comerciantes holandeses foi permitido pela própria Coroa Portuguesa, uma vez que não possuía recursos próprios para administrar a economia colonial. Tornando-se monarca de Portugal, Filipe II proibiu que os holandeses continuassem a participar do comércio açucareiro do nordeste do Brasil. Os holandeses resolveram então ocupar essas regiões produtoras de açúcar, primeiro a Bahia (l624) e depois Pernambuco (l630).
Com a expansão holandesa no Nordeste, a Companhia das Índias Ocidentais resolveu assegurar suas próprias conquistas no Brasil por meio da presença de um alto mandatário que governasse e desenvolvesse a Colônia, expandindo-a, se possível. O escolhido foi o conde João Maurício de Nassau, que foi o responsável por uma série de medidas importantes implementadas na Colônia nos campos da política e administração, tais como:
· Vendeu a crédito os engenhos abandonados pelos donos, que fugiram para bahia no momento da invasão.
· Obrigou os proprietários rurais a plantarem produtos alimentícios na proporção do número de escravos que possuíssem, o “pão do país”, principalmente a mandioca.
· Estabeleceu a política religiosa tolerante, dando liberdade de crenças, apesar de existir controvérsias no que diz respeito aos israelitas. Entretanto, os “cristãos novos”, ou também chamados de criptojudeus, foram autorizados a praticarem seus cultos abertamente.
· Favoreceu a vinda de artistas naturalistas e letrados para Pernambuco, entre eles Frans Post, autor das primeiras pinturas que retratavam paisagens e cenas brasileiras.
· Inúmeros melhoramentos realizados em Recife, responsável inclusive pela sua elevação à condições de vida.
· Incentivou o tráfico negreiro, acreditando ser o escravo africano a mola mestra para o pleno desenvolvimento dos canaviais. Mais tarde, a Holanda considerou a lucratividade desse comércio tão importante que passou a disputar com Portugal e Inglaterra o comércio internacional.
No momento da expulsão dos holandeses do Brasil, fato ocorrido após a Restauração Portuguesa, os invasores puderam contar com a ajuda das "gentes da terra". Vários senhores de engenho, lavradores, cristãos novos, negros, índios tapuias, entre outros pobres e miseráveis estiveram fielmente do lado dos holandeses. Calabar ficou conhecido como o grande traidor nesta guerra.
[... ] Entretanto, na verdade "traição era uma atitude cotidiana, aliás, implícita na própria colocação do problema: defender Portugal ou defender a Holanda significava uma traição ao Brasil. Trocar de lado era um hábito constante. De toda a confusão, restou um bode expiatório: Calabar. BUARQUE, Chico e GUERRA, Ruy. Calabar.
A forma como se deu a presença espanhola no Brasil e, posteriormente, a expulsão dos holandeses, trouxeram mudanças significativas na política econômica colonial. Primeiro, podemos observar que a partir da retirada dos flamengos do nordeste brasileiro, houve um incentivo ao nativismo pernambucano, que culminou com a Revolução Praieira (l848), passando pela Insurreição Pernambucana, em 1817. Ambos os movimentos marcados por repúdios à Coroa e manifestações de independência.
Outro aspecto importante é o desenvolvimento da prática do plantio do açúcar nas Antilhas pelos holandeses, o que levou Portugal a uma crise comercial, na segunda metade do século XVII. Outro ponto a ser considerado é que durante a União Ibérica houve uma anulação do Tratado de Tordesilhas, uma vez que as terras lusas e espanholas eram administradas pelo mesmo monarca.
Isso fez com que os brasileiros se apoderassem de novos territórios, anteriormente pertencentes à Espanha, e que, após a Restauração, essas terras foram transferidas para a soberania portuguesa, pelo direito do uso da terra.