sexta-feira, 25 de julho de 2014

Os holandeses no negócio açucareiro no Brasil colônia

Boa tarde cambada!

Para ajudar no teste de vocês, estou postando hoje este texto abaixo e o link do SLIDE que passei em sala de aula.

Abraços

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O DOMÍNIO HOLANDÊS
As invasões holandesas que ocorreram no século XVII podem ser consideradas como o maior conflito político-militar-colonial. Apesar de concentrado no Nordeste, a rebelião fez parte do quadro das relações internacionais entre os países europeus, no tocante ao domínio do comércio do açúcar.

O conflito significou uma possibilidade de ação independente da colônia, embora ainda não pudesse separá-la totalmente da identidade metropolitana.
A história das invasões liga-se à passagem do trono português à Coroa Espanhola como resultado de uma crise sucessória que pôs fim à Dinastia de Avis.

Com a morte de D. João III, em 1557, subiu ao trono português seu neto, D. Sebastião. Impregnado de heroísmo e fanatismo, influenciado pelo espírito cruzadista, o Rei parte para a África com a finalidade de conquistar Marrocos. Na batalha de Alcácer Quibir, em 1578, o Rei Português foi derrotado pelas forças árabes, tendo morrido em combate.

Como seu sucessor, assume o Cargo o cardeal D. Henrique, tio-avô de D. Sebastião, que morre poucos anos após. O Cardeal, não deixando descendentes, cria uma grave crise sucessória em Portugal. Vários candidatos se apresentaram para o cargo, dentre eles D. Antônio, fidalgo português, e D. Felipe II, de Habsburgo, Rei da Espanha, neto de D. João III.

Uma guerra foi travada entre os dois pretendentes, até que, com a vitória de D. Felipe II, inicia-se o governo espanhol em Portugal, conhecido como União Ibérica. Somente em 1640, Portugal reconquistou sua independência.

Na medida em que havia um conflito aberto entre Espanha e os Países Baixos que foram províncias espanholas até 1581, o relacionamento entre a Holanda e Portugal se modificaram em razão do novo centro de poder espanhol . A Holanda participava do comércio do açúcar brasileiro. A participação dos flamengos no comércio açucareiro se deu no momento da instalação dos engenhos, no século XVI. Os altos custos operacionais necessários dependiam da obtenção de créditos. Pelo menos grande parte desses créditos provinha de capitais externos, como da burguesia holandesa e italiana.

De acordo com o especialista em história econômica, Celso Furtado, o papel desempenhado pelos holandeses no comércio do açúcar era de suma importância: 


[...] se tivermos em conta que os holandeses controlavam o transporte (inclusive parte do transporte entre Brasil e Portugal), a refinação e a comercialização do produto, depreende-se que o negócio do açúcar era, na realidade, mais deles do que dos portugueses. Somente os lucros da refinação e a comercialização do produto alcançaram aproximadamente a terça parte do valor do açúcar em bruto. FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. p. 1 S.

Apesar da vigência do pacto colonial, política que restringia o comércio colonial a sua respectiva metrópole, o comércio da Colônia brasileira com comerciantes holandeses foi permitido pela própria Coroa Portuguesa, uma vez que não possuía recursos próprios para administrar a economia colonial. Tornando-se monarca de Portugal, Filipe II proibiu que os holandeses continuassem a participar do comércio açucareiro do nordeste do Brasil. Os holandeses resolveram então ocupar essas regiões produtoras de açúcar, primeiro a Bahia (l624) e depois Pernambuco (l630). 


Com a expansão holandesa no Nordeste, a Companhia das Índias Ocidentais resolveu assegurar suas próprias conquistas no Brasil por meio da presença de um alto mandatário que governasse e desenvolvesse a Colônia, expandindo-a, se possível. O escolhido foi o conde João Maurício de Nassau, que foi o responsável por uma série de medidas importantes implementadas na Colônia nos campos da política e administração, tais como:

· Vendeu a crédito os engenhos abandonados pelos donos, que fugiram para bahia no momento da invasão.

· Obrigou os proprietários rurais a plantarem produtos alimentícios na proporção do número de escravos que possuíssem, o “pão do país”, principalmente a mandioca.

· Estabeleceu a política religiosa tolerante, dando liberdade de crenças, apesar de existir controvérsias no que diz respeito aos israelitas. Entretanto, os “cristãos novos”, ou também chamados de criptojudeus, foram autorizados a praticarem seus cultos abertamente.

· Favoreceu a vinda de artistas naturalistas e letrados para Pernambuco, entre eles Frans Post, autor das primeiras pinturas que retratavam paisagens e cenas brasileiras.

· Inúmeros melhoramentos realizados em Recife, responsável inclusive pela sua elevação à condições de vida.

· Incentivou o tráfico negreiro, acreditando ser o escravo africano a mola mestra para o pleno desenvolvimento dos canaviais. Mais tarde, a Holanda considerou a lucratividade desse comércio tão importante que passou a disputar com Portugal e Inglaterra o comércio internacional.

No momento da expulsão dos holandeses do Brasil, fato ocorrido após a Restauração Portuguesa, os invasores puderam contar com a ajuda das "gentes da terra". Vários senhores de engenho, lavradores, cristãos novos, negros, índios tapuias, entre outros pobres e miseráveis estiveram fielmente do lado dos holandeses. Calabar ficou conhecido como o grande traidor nesta guerra.

[... ] Entretanto, na verdade "traição era uma atitude cotidiana, aliás, implícita na própria colocação do problema: defender Portugal ou defender a Holanda significava uma traição ao Brasil. Trocar de lado era um hábito constante. De toda a confusão, restou um bode expiatório: Calabar. BUARQUE, Chico e GUERRA, Ruy. Calabar.

A forma como se deu a presença espanhola no Brasil e, posteriormente, a expulsão dos holandeses, trouxeram mudanças significativas na política econômica colonial. Primeiro, podemos observar que a partir da retirada dos flamengos do nordeste brasileiro, houve um incentivo ao nativismo pernambucano, que culminou com a Revolução Praieira (l848), passando pela Insurreição Pernambucana, em 1817. Ambos os movimentos marcados por repúdios à Coroa e manifestações de independência. 


Outro aspecto importante é o desenvolvimento da prática do plantio do açúcar nas Antilhas pelos holandeses, o que levou Portugal a uma crise comercial, na segunda metade do século XVII. Outro ponto a ser considerado é que durante a União Ibérica houve uma anulação do Tratado de Tordesilhas, uma vez que as terras lusas e espanholas eram administradas pelo mesmo monarca.

Isso fez com que os brasileiros se apoderassem de novos territórios, anteriormente pertencentes à Espanha, e que, após a Restauração, essas terras foram transferidas para a soberania portuguesa, pelo direito do uso da terra.




sexta-feira, 18 de julho de 2014

Assunto do teste (7ª série)

Os assuntos abaixo estão distribuídos nos capítulos 14 e 15 do livro do 6º ano
  1. Mercantilismo, colonialismo e pacto colonial.
  2. As motivações da colonização portuguesa no Brasil
  3. O plantation e a  economia açucareira no Brasil
  4. Capitanias hereditárias e Governo Geral
  5. As classes sociais na colônia
  6. A presença holandesa no Brasil
  7. A participação jesuíta na colonização


quarta-feira, 16 de julho de 2014

Os índios Catequizados e as Aldeias de Repartição

A repartição: Os índios aldeados


Escapavam da escravidão, embora não do trabalho obrigatório, todos aqueles índios que aceitassem abandonar suas aldeias de origem e desistissem do seu modo de vida tradicional, sem oferecer resistência armada. Esses índios, considerados "indios de pazes" ou "índios amigos", eram catequizados, batizados e aldeados em outras áreas, de onde eram periodicamente retirados para prestarem serviço aos colonizadores.

Ao sistema colonial, não interessava a dispersão dos índios em aldeias autônomas, espalhadas ao longo do litoral, mas a sua concentração em espaços localizados próximos aos núcleos produtivos sob o controle dos portugueses. Tratava-se de criar "celeiros" de mão-de- obra, de onde pudessem ser retirados os índios necessários para o trabalho e para a guerra. Essa foi uma necessidade sentida desde os primeiros momentos, conforme atestam diferentes documentos.

O Regimento a Tomé de Sousa, de 1548, onde estão definidas as diretrizes para o Governo Geral do Brasil, determina em seu penúltimo parágrafo que os índios tornados cristãos não deviam continuar vivendo em suas aldeias de origem, misturados com outros índios não batizados. Recomenda a sua transferência para "perto das povoações das ditas capitanias, para que conversem com os cristãos e não com os gentios, e possam ser doutrinados e ensinados nas coisas de nossa fé". A operação responsável por essa mudança era chamada de descimento.

Os descimentos: as aldeias de repartição

Os descimentos eram expedições, em princípio não militares, realizadas por missionários, com o objetivo de convencer os índios que "descessem" de suas aldeias de origem para viverem em novos aldeamentos especialmente criados para esse fim, pelos portugueses, nas proximidades dos núcleos coloniais.

Esses aldeamentos missionários, chamados também de "aldeias de repartição", estavam integrados ao sistema colonial, funcionando como uma espécie de "armazém" onde os índios, uma vez descidos, eram estocados. Aí, depois de catequizados, eram alugados e distribuídos - repartidos - entre os colonos, os missionários e o serviço real da Coroa Portuguesa, para quem deviam obrigatoriamente trabalhar em troca de um pagamento, por um determinado período - que variou de dois a seis meses - findo o qual deveriam ser devolvidos à aldeia.

Por isso, a documentação oficial os registra como índios de repartição, ou ainda impropriamente como índios livres para melhor distinguí-los dos índios escravos. Para eles, os jesuítas desembarcados com o primeiro governador--geral deveriam criar aldeias especiais, que serviriam de núcleos de cristianização e centros de "conversão do gentio à nossa santa fé católica", conforme previsto por D. João III, que formula os princípios norteadores da catequese no Regimento a Tomé de Sousa.

Desrespeitando a localização das malocas tradicionais, as aldeias missionárias foram efetivamente situadas em locais próximos aos povoados portugueses. Possuíam uma igreja ou capela, uma escola e casas para cada família, bem diferentes das malocas comunitárias e da vida que os índios levavam em suas aldeias de origem. Seu objetivo principal era mesmo concentrar os índios, de nações e culturas diferentes, em um local de fácil acesso, onde pudessem ser catequizados e "civilizados", aprendendo os princípios da religião cristã e certos valores como obediência e disciplina, que os tornavam aptos para serem integrados ao sistema colonial como força de trabalho.

A ação catequista, inaugurada pelos jesuítas, é adotada por missionários de outras ordens religiosas como a dos capuchinhos, franciscanos e carmelitas. Durante todo o período colonial, houve uma disputa entre missionários - especialmente jesuítas - e moradores portugueses pelo governo das aldeias e a repartição dos índios. Quem controlava a distribuição da força de trabalho indígena, detinha um poder real de gerar riquezas.

[...]

A legislação, determinando quem controlava os índios, mudava frequen­temente, mas a repartição nunca deixou de ser feita. Todos os índios aldeados, homens e mulheres em idade de trabalhar, eram obrigados periodicamente a prestar serviços dentro e fora da aldeia, num sistema rotativo em que uma parte dos índios trabalhava nas roças da aldeia, enquanto a outra parte exercia suas atividades fora dela, em geral nas plantações, fazendas e estabelecimentos dos moradores portugueses.